Sozinho
Hoje lá pelas 8h00 da
manhã, acordei assustado, depois de um pesadelo. Sonhava que estava sozinho,
sem ninguém a minha volta, Sem ninguém pra conversar, pra trocar uma ideia, ou
até mesmo pra brigar. Levantei da cama ainda atordoado com o pesadelo e fui até
a cozinha na esperança de encontrar minha esposa Érica e meu filho Isacc, mas
não vi nenhum dos dois, nem rastro de café da manhã. Foi aí, que ao ver os
armários e gavetas de minha esposa e do meu filho vazios, me dei conta do que
havia acontecido. Minha cabeça começou a latejar e as lembranças de todos os
meus 38 anos de vida começaram a pipocar na minha memória. Comecei a lembrar de
tudo e principalmente das coisas que não queria lembrar. Lembrei-me da briga
que eu e Érica tínhamos tido na noite anterior, a intensidade dos gritos de
Érica e do choro de Isaac fazia minha cabeça explodir mais que uma bomba de
Nitroglicerina. Mesmo tenso e preocupado, resolvi forçar minha memória para ver
até onde ela ia e pra conseguir saber o porquê de todo aquele pandemônio na
minha vida de uma hora para outra. Resolvi ligar meu celular e logo de cara, vi
uma mensagem de uma tal Cibelle que dizia: "Você é único, perfeito! Pena
que não possa ser só meu e que eu não possa ser só sua!". Fiquei ainda
mais desesperado, afinal, quem era essa tal de Cibelle, e o que eu e ela tínhamos
em comum além do número do celular?! Arrumei-me, tomei uma ducha mega fria e
fui trabalhar ainda tonto cheguei ao escritório e encontrei logo de cara Átila,
um antigo colega de trabalho que tenho como irmão. _ Cara, hoje de manhã
acordei e minha esposa e meu filho não estavam em casa, não consigo
localizá-los de jeito nenhum. Sabe o que houve? _Você jura mesmo que não sabe o
que houve Arthur?! _Claro que não sei! Para com esse suspense cara, me ajuda a
entender toda essa loucura! _Tá bom. Você conhece alguma Cibelle? _Bom, a única
Cibelle que eu me lembro, é a minha nora, namorada do Isaac, por quê? _Você já
checou se celular hoje? Suas mensagens? _Sim, e não vi nada demais, senão...
Nesse momento, aquela mensagem da tal Cibelle, me veio a cabeça, e comecei a
gritar feito um louco: "Isso não pode ter acontecido, não pode!". Sai
correndo do escritório mesmo sem nem ter começado a trabalhar e fui até a
Avenida das Américas, e no apartamento 403 do Bloco quatro do Condomínio
Mandala, encontrei minha nora em casa, que me recebeu só de camisola. Nervoso,
percebi que ela ficou feliz de me ver e já foi logo dizendo: _Amor, que bom
você por aqui de novo! Veio continuar de onde paramos? Cibelle era linda,
ruiva, tinha cabelos longos, olhos azuis, um bumbum de parar o trânsito, um par
de seios e coxas que enlouqueciam qualquer homem, desde os franguinhos até os
macacos velhos como eu. Na hora que a vi naqueles trajes, fiquei excitado, mas
tentei me controlar, até porque querendo ou não, eu já estava começando a
entender o que havia acontecido, mas precisava ter certeza, então perguntei: _O
Que houve entre nós na última noite? _Ora amor, nós transamos, e falando sério,
você pra um quarentão, bate um bolão hein?! _Transamos?! Não, não é possível!
Você tá curtindo com a minha cara! Você é a namorada do meu filho, minha nora,
vai se casar com Isacc daqui a duas semanas! _Ia me casar querido, Isacc é um
ótimo homem, mas não é nada perto de você! Vamos pro quarto amorzinho? _Não!
Não! Não! Trai minha esposa e meu filho com a futura esposa dele e minha futura
nora e você aí, pensando em sexo?! De repente a expressão de Cibelle mudou, e
ela furiosa me disse: _Não adianta você ficar aí se lamentando não! Há muito
você vivia me falando que estava cheio da sua esposa, do seu casamento, da
rotina, dizia também que sempre me achou gostosa, o que passou, passou! Agora
nós podemos ficar juntos pra sempre querido, pra sempre meu amor! Naquele
instante percebi que meu mundo tinha caído abaixo dos meus pés, que eu tinha
perdido tudo o que tinha minha esposa, meu filho, o amor e a confiança deles, e
mesmo tendo ali na minha frente a jovem, bela e apaixonada Cibelle, eu percebi
que por causa de uma só noite, para todos os outros dias da minha vida, eu
estava sozinho.
Por Lincoln Furtado
Por Lincoln Furtado